“Situações Limite”: os problemas enfrentados pelos trabalhadores em educação do município de Alegrete.
RESULTADOS PARCIAIS.
Em Assembléia realizada no dia 21 de julho, os trabalhadores em educação da Rede Municipal de Ensino decidiram participar das atividades da II Semana Municipal de debates do Pensamento Freireano, por meio da elaboração de uma pesquisa sobre o cotidiano e a realidade enfrentada pelos trabalhadores em Educação.
Foi elaborada uma pesquisa, de autoria do prof. Anderson R. Pereira Corrêa e coordenada pelo STEMA, contando com a colaboração da Prefeitura Municipal de Alegrete/ Secretaria Municipal de Educação e Cultura, e da Universidade da Região da Campanha (URCAMP/Alegrete), bem como um questionário com perguntas semi-estruturadas; reuniram-se as coordenações pedagógicas das Escolas Municipais, fizeram-se as orientações metodológicas, aplicou-se os questionários nas Escolas da Rede Municipal de Ensino, reuniram-se os coordenadores pedagógicos para tabular os dados e uma turma do curso de Pedagogia da URCAMP para também colaborarem na tabulação dos dados levantados nos questionário. Houve a apresentação dos resultados parciais da pesquisa, no calçadão de Alegrete, nas atividades da II Semana Paulo Freire.
As questões do questionário indagavam sobre as “situações limite” no cotidiano de trabalho (com perguntas direcionadas à questões de saúde e sobre a violência nas escolas). Apresenta-se a seguir os dados de alguns dos principais itens relacionados na pesquisa (resultado parcial):
De um universo de aproximadamente 580 trabalhadores em educação, 376 entregaram os questionários respondidos ou não. Portanto, aproximadamente 64% dos trabalhadores entregaram as fichas com as respostas.
Quando os trabalhadores foram questionados sobre a principal “situação limite”, enfrentada no cotidiano de trabalho, foram levantados vários problemas. Porém as respostas que obtiveram maior recorrência foram:
- falta de estrutura física nas Escolas (16%);
- Salário Baixo (15%);
-falta de recurso (materiais) (10%);
- falta de interesse dos alunos (7%);
- falta de recursos humanos (2%).
Obs.: Estas respostas citadas corresponderam a aproximadamente 50% do total, os outros 50% ficaram divididos em vários outros problemas não classificados e com índices menores..
Sobre as possíveis soluções para os problemas enfrentados na Escola, houve recorrência nos seguintes itens:
- melhorar os salários 14%;
- melhorar a infraestrutura (11%);
- Formação p/ Comunidade Escolar (7%).
Obs.: Esses itens mais recorrentes representam 33% das respostas, os outros 67% foram divididos em outras respostas não classificadas e ou não responderam.
Sobre a pergunta: Você desenvolveu algum tipo de problemas de saúde durante a vida profissional (físico/mental)?
As respostas: 158 responderam que sim, representando 42% das respostas; 168 responderam que não, representando 44% das respostas; 50 não responderam, representando 13% das respostas.
A questão: Quais os problemas de saúde?
Para esta pergunta houveram as respostas mais variadas, porém a maioria dos problemas é de coluna, estresse, depressão e hipertensão.
Quando perguntado se esse problema de saúde tem algo a ver com o exercício da profissão, 75 % responderam, e ficou assim dividido:
151 responderam que sim, equivalendo a 40% das respostas; 132 responderam que não, correspondendo a 35% das respostas; 93 não responderam, significando 24%.
Sobre a pergunta: Você faz tratamento ou toma medicações?
170 responderam que sim (45%), 158 responderam que não (42%) e 48 não respondeu (12%).
A questão “Você paga para consultar”?
274 responderam que sim (72%), 80 responderam que não (21%) e 22 não responderam (5%).
A pergunta “Você tem gastos com remédios”?
246 responderam que sim (65%), 98 responderam “não” (26%) e 32 não responderam (8%).
Sobre a pergunta “Você sofre algum tipo de violência (física ou psicológica) no exercício da profissão?”
85 responderam que sim (22%), 262 responderam que não (69%) e 29 não responderam (7%).
Quando perguntados sobre qual tipo de violência, 40% das respostas apontam para a violência psicológica (humilhação, o poder publico e a comunidade responsabilizam o trabalhador pelo “mal rendimento” ou “fracasso” dos educandos, etc.) Em segundo lugar, com 20% das respostas, aparece a agressão verbal (tanto dos alunos, pais ou colegas de trabalho com cargos ou funções “superiores”) e em terceiro lugar aparece a violência física, com 2% (dos alunos e ou pais).
Para finalizar, quando lhes foi perguntado sobre as causas desses problemas, as respostas mais recorrentes foram:
- falta de valorização da profissão (incluindo salário) por parte da sociedade e do Poder Público;
- falta da presença e do papel da família;
- indisciplina dos alunos.
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